Produção mostra o processo que culminou na conquista do direito ao voto feminino no país
Aprovada pelo Congresso dos Estados Unidos em junho de 1919 e ratificada pouco mais de um ano depois, a emenda constitucional que deu às mulheres o direito ao voto foi resultado de uma luta incansável. Do seu início até a conquista do voto feminino, a trajetória das chamadas “suffragettes” norte-americanas é contada pela série “O Voto: A História das Sufragistas”, que acaba de chegar ao Curta!On, o streaming do canal Curta! no NOW e em CurtaOn.com.br. Dividida em quatro episódios, a produção intercala imagens históricas — entre fotos, vídeos e manchetes de jornal — com depoimentos de historiadores e demais pesquisadores, que vão tecendo uma narrativa sobre esse período da história norte-americana. A série também tem data para estrear no canal Curta!: 30 de julho, às 23h.
Entre a segunda metade do século XIX e o início do XX, o movimento pelo voto feminino começava a tomar força em diversas partes do mundo. Milhares de mulheres da Inglaterra e dos Estados Unidos, por exemplo, estavam em consonância pelo direito a um papel social mais igualitário em relação aos homens. Eram chamadas, em ambos os países, de sufragistas — ou de “suffragettes”, termo inicialmente pejorativo que se popularizou.
Em um contexto em que mulheres eram completamente tuteladas por seus maridos, a luta pelo sufrágio ia além: seu maior objetivo era o reconhecimento da mulher como ser humano autônomo e que deve fazer parte da sociedade em todas as suas instâncias. Além do voto, elas clamavam por direitos básicos, como o do acesso à educação e à propriedade privada. No entanto, o desejo por condições mais igualitárias causou polêmica entre os homens que detinham o poder político.
A série começa com os primeiros desafios e as primeiras conquistas das “suffragettes”. Nos Estados Unidos, o movimento também esteve originalmente ligado aos abolicionistas em um contexto de Guerra Civil, ainda no século XIX. Porém, divergências com grupos que priorizavam os direitos dos negros — que também eram impedidos de votar — acabaram por separar as lutas de gênero e raça. E, ainda que o voto tenha sido adotado em alguns Estados norte-americanos e que as mulheres — brancas — tenham conseguido, aos poucos, migrar da esfera doméstica para uma vida em sociedade mais plena, tal realidade demorou mais para as mulheres negras.
Na Inglaterra, já no início do século XX, Emmeline Pankhurst era uma das líderes do movimento que, insistentemente, panfletava e se manifestava nas ruas. Em muitas das vezes, as sufragistas eram agredidas e até mesmo presas. Na prisão, faziam greve de fome como forma de protesto. Entre elas, estava a norte-americana Alice Paul, que se tornou outra importante liderança ao voltar para os Estados Unidos.
Enfrentando uma grande resistência não só entre os homens, mas também entre as próprias mulheres, as sufragistas foram se tornando mais populares. A luta delas, que já durava mais de meio século, aos poucos foi sendo reconhecida e a causa adotada por camadas cada vez maiores da sociedade. Até que em 1920, foi enfim promulgada a 19ª emenda na Constituição norte-americana, que garantiu o direito ao voto feminino.
Após tamanha vitória, a sufragista Carrie Chapman Catt deixa uma carta para as gerações futuras: “O voto é o símbolo de sua igualdade, mulheres da América. A garantia de sua liberdade. As mulheres sofreram uma agonia na alma que vocês nunca irão entender, para que vocês e suas filhas herdassem liberdade política”.